Depois de uma primeira jornada de grande desilusão os Laranjada
tinham recuperado o animo com dois resultados mais positivos (empates) contra
habituais candidatos ao titulo, como são o Cosmos e o Madeira, fruto de boa
atitude e organização em campo.
Com o esconder do sol tornava-se um fim de tarde frio, que o
apoio da bancada e importância do encontro pretendiam contrariar. Este devia
ser um embate escaldante entre duas equipas que têm uma história em comum
apesar de a maior parte dos protagonistas não a terem vivido.
Os Purrianos foram merecidamente os campeões da época passada
e apesar de um inicio de época menos dominador, a concentração e a agressividade
tinham de estar ao nível das duas ultimas jornadas para que o resultado fosse
no mínimo tão positivo como o desses dois encontros.
Com o plantel disponível na sua máxima força o Mister
delineou um xadrez organizado no mais useiro 4-3-3 pedindo no entanto muita
contenção no início do jogo que permitisse um estudo do posicionamento e
verdadeiro valor do adversário, para numa segunda fase partir “para cima deles”
num ataque aos ambicionados 3 pontos ainda não conseguidos esta época.
Bruno Leirão na baliza apresenta-se este ano com outra
maturidade depois de ter sido Pai, não abdicando ainda assim do sotaque galego
quando lança instruções para uma defesa que raramente o compreende.
A defesa apresentava uma combinação rara de sangue novo
(Diogo Pedro), histeria intermitente (Diogo Gilman), quezília localizada (Luis
Pescador) e instabilidade emocional constante (Smi), esperava-se assim que a experiencia
acumulada aliada ao sangue novo fosse capaz de contrariar o habitual jogo de pé
para pé de um ataque que assenta muito na mobilidade estonteante do ponta-de-lança.
No meio campo tínhamos um triângulo composto pela
criatividade e futebol rendilhado de cabine telefónica de Miguel Cunha, a
energia e posicionamento tático de Rui Mena e o físico e combatividade de Paulo
Muchacho.
Nas alas pretendia-se uma combinação mortal entre a imprevisibilidade
irreverente de Lobotteli e a consistente experiencia de Xana.
No ataque uma grande referencia, a Schaefer com um físico de
invejar qualquer porteiro de disco boite, pedia-se-lhe que partisse a louça
entre os centrais que nem elefante em loja de cristal.
O banco era caracterizado por uma combinação mortal de pragmatismo
Alemão, dinamismo Africano e irreverencia mestiça.
Ruben acumulando o papel de Mister estaria disponível para
dar um peso importante ao eixo central caso fosse necessário.
Marcos estava a postos para dar a necessária criatividade construtiva
ao miolo logo que o triângulo tivesse terminado o importante trabalho de
desgaste adversário dos primeiros 35 minutos.
Sandro poderia preencher qualquer posição do trio atacante
trazendo para o encontro mais uma velocidade quando os Purrianos sem banco já
não pudessem correr.
Na bancada os Orange Proud eram compostos por Braza, Dudak,
Edigar, Cado, Gui e Vaz.
O Mistério (António Santos), um senhor já de uma certa idade,
resguardava-se do frio sentando-se no banco, e evitando qualquer maleita que
para a 3ª idade e tendo em conta o colapso do SNS pode hoje em dia ser mortal.
No papel estava prefeito havia agora que saber colocar isto
em prática sem deixar de saber interpretar os sinais do 11 contrário à medida
que o encontro se fosse desenrolando.
O jogo não começa mal tendo em conta que os Purrianos não
conseguiam o controlo da posse de bola que caracterizou o estilo de jogo da
época anterior.
Um canto batido do lado esquerdo do ataque quase cria perigo
quando a defesa adversária falha a interceção, mas Diogo Pedro não esperava o
brinde e desaproveita a primeira oportunidade do encontro.
Os Purrianos mostram logo no seguimento deste lance a outra característica
que lhes permite uma adaptação eficaz a qualquer adversário, saem muito rápido
para o contra-ataque aproveitando a mobilidade estonteante de Hugo Anão dando
um rápido sinal de alerta.
Ainda assim os Laranjada não se amedrontavam, Lobotteli
investe pelo flanco esquerdo finta o mesmo lateral duas vezes e serve Schaefer
que após mini-cabrito sobre o seu adversário directo remata potente e cruzado,
mas por cima da barra.
Sentia-se desconforto no Keeper contrário indicação de que
não seria a sua posição natural, a ordem era para rematar sempre que houvesse
espaço e posicionamento para tal.
Os Purrianos mantinham uma boa organização tentando
controlar o ritmo do jogo, que não pretendiam demasiado elevado, poupando-se
fisicamente com o intuito de fazer todo o encontro com o mesmo 11, consequência
de um banco totalmente deserto.
A bancada estava composta e animada pelas minis que ilegalmente
consumiam fora do estabelecimento licenciado, iam apoiando, ainda que
timidamente os artistas, sendo Lobotteli aquele que mais emoções provocava.
Os Purrianos ganham um canto, batem bombeado para o segundo
poste fora da pequena área, Leirão com um físico invejável arrisca a saída
tentando a interceção, falta-lhe um danoninho e permite o cabeceamento que sai
à barra, o público respira de alívio mas por muito pouco tempo, já que na
recarga uma defesa algo passiva permite a antecipação de um adversário que
coloca a bola no fundo das redes.
Estava feito o 1-0
A equipa é abanada na confiança que tinha acumulado nas duas
últimas jornadas e passa a ser presa fácil para uns Purrianos muito entrosados
e combativos QB.
No meio campo Mena demonstrava nervo e lutava por todos os
lances como se fossem o último, sobressaindo um pouco da atitude monótona que
parecia contagiar toda a equipa dos Laranjada.
Nas alas Xana tentava chamar pela equipa, mas quando tinha a
bola ou era bem eliminado pelo adversário ou não tomava a opção correcta e os
lances não tinham seguimento.
Os ressaltos pareciam sobrar sempre para os Purrianos, na
bancada uns chamava-lhe azar Laranjada outros mais séticos apregoavam a velha máxima
de que a sorte se conquista.
Em mais um lance pelo meio Hugo Anão ganha dois ressaltos
seguidos ao meio campo e defesa Laranjada e pressionado ainda de fora da área remata
por cima.
Os Laranjada teimavam em não encontrar um fio de jogo,
demoravam a pensar e consequentemente a executar individualmente e tornavam-se
presa fácil para uns Purrianos muito incisivos na disputa dos lances.
Consequência do contexto descrito acima é o segundo golo,
antecipação de Grego entre o meio campo defensivo e a defesa, adianta de cabeça
pelo meio passando que nem faca quente em manteiga e já dentro da área cólica rasteiro
fora do alcance de Bruno que desta feita não tinha qualquer hipótese.
Estava feito o 2-0 tornando agora uma tarefa que de inicio
se adivinhava complicada, numa empreitada quase impossível de levar a cabo.
Apesar de tudo os Laranjada não perdem a cabeça, e apesar de
me apetecer dizer que não baixaram os braços, a verdade é que estes nunca
estiveram verdadeiramente levantados desde o início do encontro.
Novo ataque rápido dos Purrianos pelo flanco direito, Hugo
Anão aparece isolado na cara de Bruno que arrisca o corte no chão, falha a
interceção com a bola e choca com o avançado, este não caí, o lance segue junto
à linha de fundo e após perder algum tempo o remate sai frouxo e de fácil
interceção por uma defesa já recolocada na pequena área.
Cruzamento a meia altura para a área, saída em falso de
Bruno Leirão que se desentende com Mena, a bola sobra para o extremo adversário
que dá atrasado mas o remate já dentro da área sai muito por cima.
Livre batido por Luis para área sobem as torres Laranjada,
Smi ganha a batalha pelo ar mas cabeceia muito por cima.
Após ataque continuado dos Laranjada corte dos Purrianos
para o centro do terreno, Paulo tenta ser feliz com pronto remate de rechasa,
mas a bola saí muito por cima.
Os Laranjada não conseguiam verdadeiramente colocar à prova
o guarda redes improvisado dos Purrianos.
Nesta altura do encontro os Laranjada pareciam ter o
controlo da posse de bola, fica a dúvida se por mérito próprio se terá sido
consentido por um adversário sem soluções no banco e a liderar confortavelmente
o marcador por 2-0.
Apesar do aparente domínio Laranjada, eram os Purrianos que
criavam as melhores oportunidades, novo contra-ataque rápido pelo meio, desta
feita a defesa consegue bloquear Hugo Anão antes da sua entrada na área, ainda
assim este mantém posse de bola rodopia sobre si mesmo e ainda desfere remate
mas falha o alvo, não incomodando verdadeiramente Leirão.
O árbitro apita para o intervalo, tínhamos 35 minutos para
aproveitar o eventual maior desgaste adversário e utilizando o banco dar a
volta ao resultado.
A bancada desce ao relvado para medir a temperatura da
equipa e sente desanimo e algum conformismo com a superioridade adversária.
O Mister resolve mexer e faz troca direta no meio campo com
a entrada de Marcos para o lugar de Miguel Cunha, retirando ainda um apagado
Schaefer do ataque, deslocando Lobotteli para o centro e colocando Sandro numa
ala.
A ideia parecia boa, a maior experiencia de Marcos face a
Miguel em futebol de 11 poderia trazer mais profundidade no passe a partir do
meio campo, tentando que um ataque mais móvel viesse a beneficiar disso.
Os Purrianos começam no ataque um lance sobre a direita
entre Hugo Costa e Diogo Pedro, deixa o jogador Purriano insatisfeito e
ressentido.
O experiente Diogo Pedro apercebe-se da instabilidade
emocional do adversário e na primeira oportunidade volta a discutir virilmente e
no limite da lei um lance com Hugo Costa, este perde visivelmente a cabeça
injuriando repetidamente, o árbitro não tem contemplações e seguindo à risca as
instruções da direção do torneio, admoesta com o cartão vermelho Hugo Costa
pelas injúrias e com o Amarelo Diogo Pedro pela disputa do lance à margem das
leis.
Estavam os Laranjada agora em superioridade numérica, mais
frescos e em condições ideais para marcando o 1-2 ganhar animo para a
reviravolta.
A equipa parecia agora motivada e aguerrida e tinha curiosamente
em Mena a melhor arma no desenvolvimento da ação ofensiva.
Mena solicitado pela direita cruza forte e longo obrigando o
Guarda Redes a cortar para canto.
Lobotteli marca o canto para o miolo da área onde o guarda
rede pouco incomodado agarra com segurança.
Mena novamente sobre a direita cruza rasteiro para Lobotteli,
o remate é dividido com a defesa e a bola sai prensada pela linha de fundo.
Boa jogada entre Marcos e Mena resulta na desmarcação de
Lobo que já dentro da área perde por um detalhe com o adversário direto.
Os Purrianos estavam agora bastante mais recuados, mas não
abdicavam do contra-ataque, prova disso é nova desmarcação de Hugo Anão pelo
centro desta vez Bruno consegue incomodar o suficiente para que o remate saísse
desviado do poste esquerdo.
Os Laranjada estavam avisados do perigo de arriscar
demasiado, mas o resultado e a superioridade numérica obrigavam ao assumir do
jogo sem medos.
Marcos demora em demasia com a bola no próprio meio campo descaído
sobre a direita, permite o roubo de bola adversário, Hugo Anão decide com rapidez
e ainda de fora da área remata rasteiro e cruzado aninhando a bola junto ao
poste fora do alcance de Leirão.
Este 3-0 foi um verdadeiro balde de água fria para uma equipa que entrava na segunda
parte com a intenção de encostar os Purrianos as cordas na procura do golo que
permitisse acreditar.
Xana vinha agora buscar muito jogo atraz sendo mesmo
ultrapassado posicionalmente por Luis no seu flanco.
A bola circulava timidamente de um flanco para o outro, mas
uns Purrianos muito bem posicionados não davam qualquer abébia.
Paulo batalha bem no meio campo ganha uma disputa de bola e
desmarca Lobotteli sobre o centro, este chega ligeiramente atrasado e permite
corte adversário para a linha lateral.
Novamente Paulo em posse de bola tenta um passe bombeado por
cima da defesa adversária tentando aproveitar Smi em missão ofensiva, mas este
é apanhado fora de jogo.
Já pensando na rotação da equipa e gestão do plantel tendo
em conta a longa época que temos pela frente, Mister Ruben, toma o lugar do
capitão Gilman e volta a colocar Schaefer no ataque por troca com Lobotteli.
Xana sofre um toque numa jogada pelo flanco esquerdo e é
obrigado a ser assistido foram do terreno, os Purrianos aproveitam este momento
de igualdade numérica para desferir um ataque rápido pela esquerda, cruzam
rasteiro para o centro de onde é desferido remate forte mas por cima.
Bom entendimento entre Paulo e Marcos no miolo, este ultimo
dá de primeira para o flanco esquerdo desmarcando Xana, que faz uma finta a
mais e quando tenta cruzar permite o corte adversário.
O jogo estava agora mais partido porque os Purrianos não
abdicam de contra-atacar, optando ainda assim por terminar as suas iniciativas
ainda fora da área, desta vez o remate sai à figura e Bruno agarra com
segurança.
Xana tenta construir jogo a partir da retaguarda, não
encontra ninguém a quem endossar a redondinha, perde muito tempo é desarmado
por Grego que visivelmente desgastado volta a tentar remate de longe, que sai
enrolado e fácil para Bruno.
Diogo Pedro em iniciativa atacante desmarca Xana no flanco
esquerdo que desta feita mais pragmático centra tenso mas o guarda redes bem
posicionado agarra seguro.
Xana era agora a arma mais perigosa na luta pelo tento de
honra, isola-se pela esquerda coloca uma diagonal venenosa na pequena área, mas
não parece ninguém e a defesa corta para canto.
Canto batido passa por todos na área e quase entra direto rasteiro
ao segundo poste.
O arbitro dá por terminado o encontro.
Esteve longe de ser um bom jogo por parte dos Laranjada,
nota-se falta de rotina e profundidade a jogar futebol 11, que é natural num
inicio de campeonato com elementos novos.
Pedia-se apenas mais luta e concentração em tarefas defensivas por parte de
toda a equipa, foi assim que nesta fase se conseguiram os dois resultados
positivos anteriores.
Lobotteli apresenta aquele para teria sido para si o resultado justo tendo em conta a sua performance pessoal
No final do encontro a bancada não deixou de ir festejar a
derrota num belíssimo estabelecimento em Algés, aconselhado pelo Edigar.
Mistério diz que Xana não jogou um caralho (tem de mudar a graduação?)
Dá pelo nome de Touro Ibérico, tem um gerente com um sorriso
invejável, um rapaz a tocar violão com sotaque brasileiro e repertório
nacional, e 4 raparigas muito saudáveis a dançar Sevilhanas.
Edigar vem principalmente pela carne de Toura
Da claque só o Braza preferiu ir experimentar comida
Asiática para Carcavelos, juntaram-se aos Orange Proud, o velho Mistério o
grande Mister Sommer e o Mena of the Match.
As Anadaluzes não largavam os lideres da claque Laranja
Menção honrosa para o Zeca que pareceu no fim do jantar com
a sua entourage, para o Xana que acompanhou a par e passo via mail, para o
Gilman que condenou a iniciativa por ser pouco familiar e ao Smi, que vinha
directo do concerto dos Black&Decker em Corroios mas como a noite foi de derrota e acabou
cedo, já não chegou a tempo.
Vaz não contém o entusiasmo
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